O Colégio
O colégio, localizado na Avenida Nazare, teve um início diferente por estar localizado no Bairro do Ipiranga, "Palco da Independência do Brasil, em 1822, grande pólo industrial na segunda metade do século XX, refúgio de diversas famílias de imigrantes que ajudaram a construir este país e (...) por ser considerado (...) como centro cultural e estudantil."
Há vários anos, a Avenida Nazaré se transformou em um corredor de cultura e educação que atraiu grande número de jovens para a região.
Nesta avenida e em seu entorno localizam-se unidades das universidades mais tradicionais da cidade e do país. É aqui que a USP (Universidade de São Paulo) concentra os museus de Zoologia e Paulista e a Unesp (Universidade Estadual Paulista), ministra as aulas da sua faculdade de artes.
Porém três instituições se transformaram em patrimônio da comunidade ipiranguista por terem iniciado seu processo de expansão nesta via do Ipiranga.
São elas: A Universidade São Marcos, no número 900, o Centro Universitário Assunção (Unifai), no 993, e o Centro Universitário São Camilo, no 1501. Nestes pontos da “avenida do saber” são formados jovens para desenvolver as mais variadas profissões. (...)"
O cenário de 1963
(passeata com atrizes na frente)
- tivemos nosso período de infancia e adolescencia sob regimes ditatorial e militar e por não conhecer outro regime, não estranhamos tanto;
por ex. ninguém sabia o que era democracia, e o que ela trazia ou propiciava; a única freira
que me lembro ter abordado algo, foi a do 5o. ano e que por isso, foi chamada a
atenção;
- as freiras, professoras, todos esses personagens de nossas vidas deram o melhor que sabiam, para aquele momento;
- lembro do dia próximo de 31 de março de 1964, eu estava no
primeiro ano e minha mãe e minha tia abasteceram a casa com muitos mantimentos
pois falava-se em revolução. Fui a um supermercado com elas e compramos uma infinidade de
produtos por medo de faltar alimentos;
- lembro que uma amiga da família era professora de uma escola
experimental, vocacional, e ela teve que ir prestar declarações no Dops porque
no diário de classe constava a interpretação da música Roda Viva;
- tinha também uma vizinha que estudava na USP e que uma amiga
dela sumiu;
- a época foi muito dura para todos;
- nosso telefone foi censurado, em todas as conversas havia
alguém escutando;
- imaginem para as freiras, que pressão deveriam passar...nos deram o melhor delas, sabe-se lá o que passaram, porque estavam lá, vocação? Foram obrigadas?
- nós éramos crianças e não tínhamos ideia do que estava
acontecendo;
- até para entendermos o hoje, precisamos resgatar o passado e
entender o que aconteceu, a parte positiva foi que vingou a liberdade de
expressão e a parte negativa que vingou é a que estamos amargando hoje;
- a lembrança desse momento conta o que era o
momento, fora dos portões do colégio onde estávamos à salvo;
- não gostava dos sábados, dos domingos e das férias, pois a volta à Escola, às 2 feiras, era o que mais adorava e esperava;
- não gostava dos sábados, dos domingos e das férias, pois a volta à Escola, às 2 feiras, era o que mais adorava e esperava;
- um camburão ficava parado na frente de casa. Talvez pela
percepção infantil desse momento, onde a gente sentia que algo estava errado,
no ar, mesmo sem saber do que se tratava, fazia do colégio nosso porto seguro
onde estávamos juntas, e isso nos liga até hoje - passe o tempo que passar.
- minha mãe falava
que tínhamos que ajudar as freiras com alguns
mantimentos, pois tinham as internas e semi internas que comiam lá e o governo
estava cortando o que enviava para a escola, lembro até dela comentar que elas
nunca pediram dinheiro;
- estamos desembaraçando um novelo de lã, que os
gatinhos embaraçaram;
- quem lembra ajuda as outras na volta ao tempo..... coisa rara
nos dias de hoje;
- soubemos fazer uma boa limonada dos limões que a vida nos
deu, e estamos hoje, brindando a vida com todos os seus desafios.
(a riqueza musical de um momento: 1967)